Não faço poemas como quem chora, nem faço versos como quem morre.
Quem teve esse gosto foi o bardo Bandeira
quando muito moço; achava que tinha
... os dias contados pela tísica e até se acanhava de namorar.
Faço poemas como quem faz amor.
É a mesma luta suave e desvairada enquanto a rosa orvalhada
se vai entreabrindo devagar.
A gente nem se dá conta, até acha bom, o imenso trabalho que amor dá para fazer.
Perdão, amor não se faz.
Quando muito, se desfaz.
Fazer amor é um dizer (a metáfora é falaz) de quem pretende vestir
com roupa austera a beleza do corpo da primavera.
O verbo exato é foder.
A palavra fica nua para todo mundo ver o corpo amante cantando
a glória do seu poder.
[Thiago de Mello]
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