"Quando alguém se apropria
de um texto sem dar os créditos ao autor,
essa pessoa se apropria de
um momento,
de uma história que a inspirou,
da oscilação dos sentimentos,
de trocas íntimas.
Ela se apropria de um abraço,
de uma vitória,
de uma dor,
de uma cura e de horas que foram
dedicadas à
elaboração daquilo.
Ela se apropria de uma lembrança,
de uma saudade,
de uma angústia,
de uma solidão,
de um talento.
Ela se apropria de algo que pode
exemplificar exatamente
o que ela queria dizer,
mas que teria dito de outra forma.
Ela não escreve uma história,
ela escreve uma farsa...
Compartilhar um texto é um ato
de generosidade,
porque se compartilha,
antes de tudo,
uma nudez.
E é essa honestidade que tantas
vezes desanuvia o coração
de alguém que descobriu que não
está passando pela mesma situação sozinho.
Compartilhar é uma forma de dar calor,
de segurar a mão,
de fazer um afago,
de pedir colo.
Por mais simples que seja um texto,
ele sempre é fruto de
muita leitura,
estudo, autoconhecimento, conversa,
observação e trabalho.
Por isso, o autor merece respeito
e consideração.
Talvez algumas pessoas não saibam,
mas textos são como filhos
que a gente solta no mundo,
mas todos eles têm uma certidão
de nascimento,
uma identidade, uma digital.
E serão reconhecidos mesmo
que desfigurados,
porque têm DNA."
Marla de Queiroz
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