domingo, 25 de setembro de 2011

'Eu preciso aprender a ser menos.
Menos dramática.
Menos intensa.
Menos exagerada.
Alguém já desejou isso na vida: ser menos? Pois é. Estranho. Mas eu preciso.
Nesse minuto, nesse segundo, por favor, me bloqueie o coração,
me cale o pensamento,
me dê uma droga forte para tranqüilizar a alma.
Porque eu preciso. E preciso muito.
Eu preciso diminuir o ritmo, abaixar o volume,
andar na velocidade permitida, não atropelar quem chega,
não tropeçar em mim mesma.
Eu preciso respirar.
Me aperte o pause, me deixe em stand by,
eu não dou conta do meu coração que quer muito.
Eu preciso desatar o nó.
Eu preciso sentir menos, sonhar menos, amar menos, sofrer menos ainda.
Aonde está a placa de PARE bem no meio da minha frase?
Confesso: eu não consigo.
Nada em mim pára, nada em mim é morno,
nada é pouco, não existe sinal vermelho no meu caminho
que se abre e me chama.
E eu vou... Com o coração na mochila, o lápis borrado,
o sorriso e a dúvida, a coragem e o medo, mas vou...
Não digo: "estou indo", não digo: "daqui a pouco", nada tem hora a não ser agora.
Existe aí algum remedinho para não-sentir?
Existe alguma terapia, acupuntura, pedras, cores e aromas para me
calar a alma e deixar mudo o pensamento?
Quer saber? Existe. Existe e eu preciso.
Preciso e não quero.'

Fernanda Mello

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