"Mas se eu tivesse ficado, teria sido diferente?
Melhor interromper o processo em meio: quando se conhece o fim,
quando se sabe que doerá muito mais - por que ir em frente?
Não há sentido: melhor escapar deixando uma lembrança qualquer,
lenço esquecido numa gaveta, camisa jogada na cadeira,
uma fotografia – qualquer coisa que depois de muito tempo
a gente possa olhar e sorrir, mesmo sem saber por quê.
Melhor do que não sobrar nada,
e que esse nada seja áspero como um tempo perdido".
Caio Fernando Abreu
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