Tenho sentido uma enorme e discretíssima felicidade apenas por acordar cedo
(acordar já é vitória; cedo, vitória dupla),
fazer café, fumar um cigarro, abrir janelas, arrumar a cama.
Depois, tomar um mate e ler o jornal, então, é o paraíso.
Paraíso por dentro, descontadas as notícias cada vez mais e mais medonhas.
Mas sempre, uma consciência da ilusão dessa loucura externa.
Quando a gente “enlouquece” o problema é a leitura simbólica que se passa a fazer
de absolutamente tudo.
Um fósforo que não acende pode assumir a importância do fogo de Prometeu.
Literalmente. Não que tudo não seja mesmo assim,
só que a gente também não suporta ficar tão mítico-antropofísico-arquetípico assim.
É mais simples, é mais embaixo — é tudo ilusão."
Caio Fernando Abreu

Nenhum comentário:
Postar um comentário