sábado, 10 de março de 2012

Não posso adiar o amor para outro século, não posso,
ainda que o grito sufoque na garganta,
ainda que o ódio estale e crepite e arda sob montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas.

Não posso adiar este abraço que é uma arma de dois gumes amor e ódio,
não posso adiar,
ainda que a noite pese séculos sobre as costas e a aurora indecisa demore,
não posso adiar para outro século a minha vida,
nem o meu amor nem o meu grito de libertação.

Não posso adiar o coração

(António Ramos Rosa)

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